Quase um ano depois da Operação Carne Fraca, desencadeada em 17 de março de 2017, o setor de proteína animal ainda calcula os prejuízos à imagem do país. Na época, 74 países deixaram de comprar carne bovina brasileira, apenas um dos países na América Central não voltou a manter negócios com o Brasil. Houve mais de mil auditorias, missões estrangeiras, inspeções e um custo elevado para abrir novamente os mercados estrangeiros.
Alan Cosme/HiperNoticias
Francisco Turra fala dos impactos da operação no mercado
“Não temos nada contra operação, o que nos aflige é que às vezes a informação só confunde a opinião pública, generalizam e aí temos um trabalho incomum para recuperar a imagem do país e tudo o que é do Brasil, acaba sentindo efeito cascata, como o setor de suínos, aves e frangos”, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
Ele destaca que para se abrir um mercado para exportação leva-se década de conversações. No caso da China e Indonésia para comprar carne suína e aves do Brasil foram 12 anos de tratativas.
A nova fase da Operação Carne Fraca, denominada “Trapaça”, teve impacto sobre o mercado de aves. Mesmo com uma melhora na comunicação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) com os países compradores, com o envio de carta de esclarecimentos às embaixadas, Turra reclamou da forma como o caso foi divulgado.
“Temos empresas com 100 mil empregados como a BRF Foods e ela foi jogada no lixo! Um problema que aconteceu numa planta, repentinamente atinge toda a marca. Na União Europeia é comum a divulgação de casos de gripe aviária e peste suína clássica pela própria OIE (Organização Internacional de Saúde Animal) e isso é levado de forma muito profissional. Temos que rediscutir se no Brasil a sociedade quer isso, de se fazer um espetáculo todo e depois não saber como juntar os cacos. Teve gente que quase se foi, empresas fecharam e empregados sofrendo”, criticou.
Um dos impactos sentidos pela ABPA foi a redução das exportações de aves e suínos nos dois primeiros meses do ano, algo que não acontecia há 10 anos.
“Temos que nos reposicionar, temos que aprender a vender. Nós temos padrão internacional de produção e qualidade e nunca tivemos casos de gripe aviária e peste suína clássica”.
Melhora na imagem do país
Uma das metas do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, ao se despedir da carreira política e permanecer à frente da pasta é recuperar a imagem do país, arranhada com a Operação Carne Fraca.
“São muitos os problemas, temos que dar muitas explicações para que o Brasil não perca seus mercados. Muitas mudanças que estão em andamento no ministério iriam parar, iria entrar um ministro por 9 meses e depois disso mais outro ministro com outro governo e teríamos uma descontinuidade muito grande. Desta vez explicamos a operação aos nossos parceiros comerciais e perdemos algum espaço, mas temos que remar de novo. Temos muitos concorrentes que aproveitam da situação para suplantar os novos mercados que estamos tentando construir”.
Maggi ainda afirmou que novas operações devem ser desencadeadas, uma vez que delações premiadas foram fechadas no estado do Paraná.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.
