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Artigos Terça-feira, 20 de Fevereiro de 2018, 15:00 - A | A

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Terça-feira, 20 de Fevereiro de 2018, 15h:00 - A | A

Coaching não é terapia!

Esse tipo de abordagem rasa pode prejudicar muitas pessoas

MORGANA MOURA

divulgação

Morgana Moura

 

Nos últimos dias ganhou destaque na mídia e nas redes sociais uma discussão sobre a atuação do profissional de coaching no acompanhamento do sofrimento emocional decorrente de trauma, neste caso abuso sexual. A situação, mostrada pela novela O Outro Lado do Paraíso, transmitida pela Rede Globo, preocupou as (os) profissionais de Psicologia. Apesar de seu caráter ficcional, a novela possui potencial formador de opinião, na medida em que busca retratar a realidade vivida pela população, e é nesse ponto que está o “x” da questão: coaching não é terapia!

 

Na trama, uma coach atende uma personagem em sofrimento aplicando técnicas psicoterapêuticas, o que é algo restrito aos profissionais capacitados para isso. “Pessoas com sofrimento mental, emocional e existencial intenso devem procurar atendimento psicológico com profissionais da Psicologia, pois são os que têm a habilitação adequada”, posicionou-se o Conselho Federal de Psicologia (CFP) em nota pública, demonstrando ser contrário à forma como a telenovela vem divulgando o serviço de coaching (http://site.cfp.org.br/o-outro-lado-do-paraiso-presta-desservico-populacao-brasileira/).

 

Se trata de forma errônea e simplista de abordar um tema tão grave como é o de abuso sexual na infância e seus efeitos psicológicos. Entendendo a gravidade da situação, até mesmo o Instituto Brasileiro de Coaching fez um alerta, afirmando que o coach não está habilitado para aplicar técnicas terapêuticas ou lidar com transtornos, distúrbios e traumas (https://www.ibccoaching.com.br/portal/posicionamento-do-ibc-sobre-o-coaching-na-novela-o-outro-lado-do-paraiso/).

 

A divulgação feita pela novela se deu sem compromisso com as informações à sociedade, desrespeitando a Psicologia como ciência e profissão e, consequentemente, as (os) psicólogas (os). E podemos ir mais longe. Esse tipo de abordagem rasa pode prejudicar muitas pessoas que se encontram atualmente afligidas pelos mesmos problemas. Se um profissional sem conhecimento técnico e científico fizer intervenções psicoterapêuticas, além de estar em exercício ilegal de uma profissão - o que se configura como crime passível de sanções penais -, pode agravar o quadro da pessoa em sofrimento desencadeando adoecimentos mais severos.

 

O caso serve como alerta para a sociedade, que precisa ficar atenta à qualidade da informação que lhe é transmitida. A violência sexual é um problema de saúde pública que pode acarretar tanto consequências médicas como psicológicas e sociais. As pessoas em intenso sofrimento emocional ou existencial ou com transtornos decorrentes de situações traumáticas não podem ficar à mercê da banalização da informação. A novela O Outro Lado do Paraíso, neste caso, está prestando um desserviço à sociedade.

 

*MORGANA MOURA é psicóloga, mestre em Psicologia Social e presidente do Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso (CRP18-MT)

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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