Mayke Toscano/Hipernotícias
Quero ser o primeiro a te cumprimentar por ocasião do seu dia, cidade que não pude escolher para nascer mas que escolhi para viver e para nela morrer.
Quero te dizer que sempre fez e sempre fará parte da minha vida. Tenho aqui no seu solo em sono eterno o corpo das pessoas que mais amei na vida, como meu pai e minha mãe e sei que cuidas deles como seus amados filhos.
Com muita saudade de “você” quando tinhas cinquenta anos menos, e que por suas ruas estreitas e suas vielas, sem calçamento e iluminação pública, perambulávamos, eu e meus amigos, com um vidro vazio de penicilina catando ouro para podermos na Casa Granja ou na Sapataria Trindade comprarmos nossas bolas e nossas chuteiras.
Saudades enormes da matinê do Cine Teatro Cuiabá aonde a gurizada chegava uma hora antes dos filmes com um monte de gibi em baixo do braço para trocá-los com seus amigos. Depois, com “novos” gibis na mão, entravamos desesperados na sala de exibição quando escutávamos “theme from a summer place”, sinal que o filme já ia começar . Primeiro tínhamos através do Canal 100, a oportunidade de ver gols dos campeonatos cariocas ou paulista e no fim do filme, o seriado “Adaga de Salomão”.
Saudades da LICB (Liga Independente de Clubes de Bairro) onde por muitos anos além de jogar no Mixto Esporte Clube, joguei também no Coxipó E. C. em partidas inesquecíveis em um campinho à beira da Fernando Corrêa que às 13 horas já se encontrava abarrotado de torcedores.
Saudades do risca risca que eu, Glauco, José Luís, Antero, Acácio e outros amigos jogávamos no Bar do Sinfrônio ao som de seu violão e do cavaquinho de seu irmão Dario.
Saudades de pegar um ônibus do Bela Tabory para ir até o Cine São Luís no bairro do Porto e assistir o filme “Torpedo” sucesso nacional.
Saudades do Grêmio Estudantil sete de Setembro do Colégio Estadual de Mato Grosso, o qual presidi por dois anos adquirindo com a ajuda dos alunos do Colégio a maior fanfarra do estabelecimento.
Saudades das “corridas” que levávamos ao pular o muro do colégio, do guarda do campo e da quadra apelidado de “burro preto” temidíssimo por todos quando pegava seu bodoque.
Saudades das domingueiras dançantes do Clube Feminino, embalada pelas músicas de Jacildo e seus rapazes, das do Dom Bosco e dos bailes de carnaval do Clube Náutico.
Saudades do Sayonara, do Balneario, do Bar do Beto, e dos banhos no Rio Coxipó. Saudades da poeira do pico do amor e do morro vermelho em Várzea Grande.
Saudades de quando a EFLA desligava as luzes da cidade às 10 da noite e a gurizada subia a Getúlio Vargas na maior escuridão.
Saudades de meus amigos, riqueza que meu querido pai me ensinou a cativar como jóia.
Saudades de muita coisa que só minha querida Cuiabá poderia nos oferecer.
Até hoje meus olhos marejam ao reviver tudo isso. Acredite Cuiabá, nós que vivemos essa época não precisamos de outdoors para expressar nossa paixão por você. Somos de coração seu amante!
*EDUARDO PÓVOAS é odontólogo pós graduado pela UFRJ
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.
