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Artigos Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2018, 11:21 - A | A

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Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2018, 11h:21 - A | A

Que tiro foi esse Brasil?

JOÃO EDISOM

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João Edisom

 

Que tiro foi esse que matou do brasileiro a vergonha, a ética e a cidadania? Que tiro foi esse que matou o respeito ao próximo, que matou o interesse pela coisa pública? Que tiro foi esse que fez o brasileiro desistir do Brasil? Que tiroteio foi esse que transformou, que fez tombar o pouco de bom senso deixando emergir apenas o lixo e acendeu o que tem de pior na espécie humana?

 
Quando uma sociedade (número significativo de pessoas) canta músicas, entoa cantos e dançam ritualisticamente e espontaneamente, isso tem significado, pois é uma demonstração de aceitação prazerosa, é um ato de permissão, é a própria condição de existência. Como chegamos a isso?
 
Hoje o Brasil é um país desgovernado, fruto das suas próprias leis, resultados dos acordos para chegar ou permanecer no poder a qualquer custo. A sensação é de terra abandonada, casa sem dono, onde todo mundo joga pedra, joga lixo e não se vê na obrigação de limpar. Julgados e julgadores se assemelham, nas ruas ou nos tribunais.
 
E a cultura é reflexo deste abandono. O brasileiro na média não liga para a política, para o mal atendimento, pelo problema dos outros. Não se interessa pela vida profissional das pessoas e muitas vezes nem a sua, pois preferem fazer cursos sem exigência e sem critérios, quando não comprar o certificado. Funcionários públicos no geral se aperfeiçoam apenas para enquadrar em ganhos melhores, nunca para agregar conhecimento.
 
Cumpre leis de trânsitos quando corre o risco de ser multado, caso contrário pratica a lei da conveniência, ou faz sua própria lei. Lotam as lotéricas em períodos de prêmios acumulados em jogos de azar oficializados pelo governo.
 
Nos transformamos em pessoas que preferem rir de uma situação, mesmo que seja desfavorável, que fazer o certo. Fizemos da comédia uma forma de viver e com advento da internet fizemos dos fake news uma forma de exalar ódio, de rir, de pisotear cruelmente sobre os outros, de mentir compulsivamente sem agir para melhorar nada.
 
Nosso retrato está no sucesso “que tiro foi esse”? Por isso cantar “que tiro foi esse, viado? Que tiro foi esse que tá um arraso?! Samba na cara da inimiga, vai, samba, desfila com as amigas. Quer causar, a gente causa. Quer sambar, a gente pisa! Quem olha o nosso bonde, pira”. E se canta é porque gosta e se gosta é porque é a única linguagem que entende. E é assim que estamos virando um país de pirados!
 
Não é nada contra o sucesso ou contra a música; é contra esse nosso jeito de ser! Um país que não salva a sua própria poesia não tem salvação, porque a ação vem da cultura, vem do jeito de estar no mundo. Primeiro penso, depois faço. Quem pensa em “que tiro foi esse” morre correndo pelas ruas da desesperança. Viva a intervenção.
 
Mas como sou um João e sou teimoso, insisto em me juntar a João de Barro e Pixinquinha para entoar: “Meu coração, não sei por quê. Bate feliz quando te vê. E os meus olhos ficam sorrindo. E pelas ruas vão te seguindo. Mas mesmo assim foges de mim”. Brasil!

 

*JOÃO EDISOM é Analista Político, Professor Universitário em Mato Grosso e colaborador do HiperNotícias

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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