Nesta terça-feira, 8, a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) repudiou o ataque à magistrada e disse que vai acompanhar as investigações sobre o caso de violência política e xenofobia, cobrando a 'devida responsabilização e punição'.
Segundo a juíza relatou à Polícia Federal, ela estava em uma pizzaria com as duas filhas, após uma apresentação na escola, acompanhada de outros pais e crianças, quando começou uma conversa sobre as eleições. Na ocasião, um homem que estava sentado à mesa alegou fraude no pleito. Em resposta, Clara defendeu a integridade do sistema eleitoral.
Logo em seguida, um executivo da BP - que, segundo o Supremo, tinha ciência de que Clara era juíza, nascida na Bahia e atuava na Corte Máxima - disse que a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se devia aos eleitores baianos, que se tratavam de 'assistidos'. O homem também disse que a Bahia 'não representa o PIB' e 'não produz nada' e que o petista foi votado por servidores públicos que 'não trabalham' e 'não fazem nada'.
Após os insultos, a juíza deixou o local. Segundo o STF, ela vai adotar as medidas legais para responsabilizar, civil e criminalmente, o agressor.
Clara registrou um boletim de ocorrência na Polícia Federal em Cuiabá, onde o ataque ocorreu. Além disso, a juíza denunciou o caso ao setor de compliance da multinacional inglesa British Petroleum (BP), na qual o homem que insultou a juíza trabalha. A Ajufe diz ainda que será movida uma ação de danos morais contra ele.
Reação
Em nota, a Associação dos Juízes Federais do Brasil afirmou que ataques como os feitos à Clara 'não serão admitidos', os caracterizando como 'violência política manifestada por meio de inaceitáveis atitudes preconceituosas, autoritárias, antidemocráticas e que propaguem o ódio e a intolerância'.
A entidade ressaltou que 'agressões misóginas e xenófobas' como as sofridas pela magistrada constituem crime e cobrou que o agressor seja 'punido com todo o rigor da lei'. Para a Ajufe, os insultos 'revelam completa falta de humanidade, respeito, empatia e civilidade'.
"A liberdade de expressão não deve jamais ser confundida com liberdade de agressão ou de se manifestar com intolerância ou de forma discriminatória, por simples discordância de pensamento", frisou a entidade.
COM A PALAVRA, A BP
A BP adota robustas regras de compliance no desenvolvimento de suas atividades e preza pelo respeito à diversidade e inclusão, em todos os países nos quais atua. Reconhecemos o compromisso do Brasil com a democracia e reforçamos que estaremos ao lado do governo brasileiro para produzir soluções em energia para o país. A companhia informa que está apurando o ocorrido.
(Com Agência Estado)
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