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Cidades Domingo, 06 de Agosto de 2017, 08:00 - A | A

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Domingo, 06 de Agosto de 2017, 08h:00 - A | A

MISSÃO DA ÁFRICA

Mato-grossense faz missão na África e relata a “maior experiência da sua vida”

CAMILLA ZENI

Mudar o mundo requer coragem. Vivemos na era da rapidez, quando falta tempo até para as coisas mais simples, porém importantes, como um ato de empatia. No entanto, também é preciso ação, começar de alguma forma. A mato-grossense Lídia Rafaela Noleto, de 30 anos, começou. Partiu para uma jornada sem volta: a doação. Doou seu tempo, conhecimento e amor. E quem recebeu não foi uma, mas diversas crianças de Moçambique, país africano com história extremamente sofrida. Em troca, viveu uma das experiências mais impactantes de sua vida.

 

Arquivo Pessoal

Lidia Missão Africa

Professora de Canarava vai à África ensinar crianças

A Lídia é professora de sociologia em uma escola no município de Canarana (distante 823 km a leste de Cuiabá). Por 12 anos, sonhou em fazer parte de um projeto de apoio no continente africano, chamado Radical África, realizado pela Igreja Batista, a qual segue. No entanto, nunca lhe foi possível. O grupo pede que os participantes permaneçam no país por 12 meses, o que ainda não era viável para ela. Mas o sonho nunca se apagou.

 

Em 2016, ela participou do projeto “Jesus Transforma”, em um município do Acre, e foi nessa viagem que sua vida começou a mudar. Lá, conheceu um grupo de pessoas que viajam a cada dois anos para o continente africano e recebeu o convite para se juntar a equipe. “Eu sempre compartilhava com meus alunos que meu sonho era ir à África ajudar aquelas pessoas e eu falava ‘não desista dos sonhos de vocês’, então é um estímulo”, comentou.

 

A experiência

A viagem foi realizada entre 30 de junho e 20 de julho deste ano. Com ela, outras 11 pessoas rumaram ao novo continente, entre eles um casal de médico e dentista. “Eles foram uma benção. Ajudaram muito o povo da África”, revelou a jovem.

 

Antes de ir, ela teve uma aula de “introdução” com o pessoal do projeto, para que o choque cultural fosse menor. Lá, uma realidade totalmente diferente a esperava. O grupo passou por duas cidades que se mostraram verdadeiros contrastes. Enquanto Dondo era marcada pela miséria e pobreza, Beira, capital da província, já se mostrou uma cidade mais desenvolvida.

 

“A diferença do horário, na primeira semana, foi muito difícil, são cinco horas de diferenças. A culinária também é difícil. Lá eles têm uma coisa que gostam muito que é o rato silvestre, que tem gosto de bacon. Eu experimentei para saber, mas não comeria de novo. Mas não prejudica a saúde. Mas lá em Beira tem camarão também”, lembrou.

 

Arquivo Pessoal

Lidia Africa

Ratos silvestres são alimento principal em Moçambique

Ao todo, a professora mato-grossense impactou entre oito e nove mil pessoas em seu projeto. Mas também se deixou impactar. “Onde a gente ia, as pessoas iam atrás. Visitamos muitas casas, aldeias, orfanatos”, informou. Ela trabalhava diretamente com crianças, contava histórias e fazia brincadeiras, além de ensinar cuidados básicos com a saúde, como a escovação de dentes. Os participantes também distribuíram kits de higiene para os pequenos.

 

Das experiências que vivenciou, uma visita a emocionou mais. Em um orfanato onde todas as crianças são soropositivas, tudo o que os pequenos têm é uma missionária brasileira. “O que eles têm é o amor dessa mulher. Foi uma coisa que me marcou muito”, contou.

 

Lá, ela conheceu um menino de 18 anos, com aparência de adolescente de 13. Soropositivo, ele já está em estágio terminal. “Ele sabe que os dias dele estão contados e mesmo assim ele é feliz. Isso me emocionou muito”, revelou. No local onde o menino vive, o grupo de missionários fez um dia da beleza e até mesmo um churrasco - que eles nunca tinham comido -, para agitar a população.

 

Curiosidades

“Lá (em Beira) tem muito árabe, muçulmano e chineses. E é a prisão da China, eu fiquei muito impressionada. Na China a prisão deles é ser mandado para Moçambique, então é cheio de presidiário”, revelou.

 

Lídia também destacou que as cidades são muito pobres, e recebem bastante ajuda estrangeira. No entanto, após a imersão que fez na cultura local, a professora identificou que o apoio poderia ser dado de outra forma. Para ela, a pobreza e precarização da saúde poderiam ser ao menos amenizadas se implantassem mais empresas na região.

Arquivo Pessoal

Lidia Missão Africa

 

“Eles precisam de trabalho. Se tivesse, a fome iria diminuir. Eles teriam a certeza de que poderiam comprar, ter alimentação. É muito triste essa parte, porque eles também não tem condições de comprar desodorante ou creme dental. Eles não têm recursos. Com trabalho fixo, provavelmente eles conseguiram. Lá são muitas pessoas para poucas vagas”, destacou.

 

Na missão, a professora também conheceu uma garota chamada Sofia, de 13 anos. Após o falecimento da mãe e, dois meses depois, o do pai, era ficou responsável por seus irmãos de 2, 3 e 19 anos - que possui transtornos mentais. O mais velho trabalha e recebe oito dólares por mês, o que não chega a R$30. Ela tem ainda outros três irmãos, que foram levados por uma tia - já que eles ainda tem condições para trabalhar.

 

A família mora em uma casa de dois cômodos, com banheiro externo com uma latrina e sem teto. No entanto, em razão da doença, o irmão costuma urinar dentro da casa, e as crianças simplesmente colocam uma esteira no chão e dormem. “Tinha um cheiro insuportável”, lembra Lídia.

 

Para ajudá-los, o grupo contratou uma mulher para tomar conta das crianças e ensinar higiene pessoal. Os mais novos foram inscritos na creche da igreja e Sofia deve voltar a estudar ainda este ano.

 

A experiência obtida por Lídia foi maior do que ela podia imaginar. “A cada projeto que eu vou aprendo coisas novas. Isso me ajuda a melhorar como pessoa, podendo ajudar ao próximo”, observou.  

 

 

Ela retornou à Canarana, mas parte do coração permaneceu na África. Para ela, esta foi apenas a primeira viagem e, um dia, ela voltará.

 

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