Com mais de 30 anos de produção artística e literária, o professor e poeta Aclyse de Mattos agora ocupa a cadeira número 3 da Academia Mato-grossense de Letras. Chega para consolidar um período de avivamento entre os imortais do estado.
"Mais que uma renovação, ele significa uma revolta, uma revolução", sentencia a presidente Marília Beatriz de Figueiredo Leite, que, além de escritora, tem em comum com o novo colega o exercício da docência na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Para ela, Aclyse é "o poeta da cuiabania".
"Ele diz sobre Cuiabá coisas que poucas pessoas dizem, com uma construção muito significativa. Tem um olhar e uma semiótica bastante cuiabanos".
As portas da Casa Barão de Melgaço, sede da Academia, foram abertas em junho deste ano, quando Aclyse foi eleito para a cadeira até então ocupada pelo também poeta Rubens Mendes de Castro (falecido), e cujo patrono é Ricardo Franco.
"Abra-se as portas para entrar novos ventos, novas pessoas. E ele é exatamente isso", completa Leite, a segunda mulher a presidir a tradicional instituição.
O acolhimento ocorreu nessa terça-feira (12), com a cerimônia de posse. Coube ao médico, professor, escritor e poeta Ivens Cuiabano Scaff dar as boas-vindas. No discurso, um breve resgate da obra de Aclyse. "Flanar com Aclyse é visitar Cuiabá inteira", disse.
"A poesia dele é culturalmente forte em termos do que a gente chama de cuiabania. Mas não é aquele bairrismo esquisito. É uma Cuiabá em que cabem os cuiabanos que nasceram aqui, os paus-rodados, os paus-fincados, os paus-brotados. Ele é uma pessoa que leva a gente amorosamente por tudo que Cuiabá tem de mais autêntico", avalia Scaff.
Advogado, escritor e poeta, o ex-presidente da AML, Eduardo Mahon, faz a leitura da transformação ocorrida na Academia Mato-grossense de Letras nos últimos anos:
"Nós fizemos dez eleições seguidas e, felizmente, dez literatos entraram na casa. Agora é a vez do Aclyse, que já deveria estar aqui com a gente. É uma mensagem que a casa dá. Que mensagem? Na minha interpretação, a academia está se reafirmando pelo viés literário. Acho que a academia começou a escolher e a abraçar mais intensamente a literatura."
Ciente de que com a consagração vem também a responsabilidade, Aclyse chega motivado a continuar produzindo. Dois livros devem ser publicados no próximo ano, para o público infanto-juvenil. Mas o poeta pretende ampliar o trabalho, indo além das publicações.
"A gente leva poesia e técnicas criativas para o ensino médio, para as crianças. Acho que a academia pode ser muito legal nessa função de divulgação e preservação das coisas boas, além da revelação de novos talentos, novos autores. É isso que a gente pretende trabalhar também aqui, junto com os colegas", disse.
Aclyse de Mattos é professor de Redação e Criação Publicitária no curso de Comunicação Social da UFMT. Doutor pelo PPGCOM da Universidade Federal de Minas Gerais e Mestre pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Possui pós-graduação em Propaganda e Marketing pela ESPM-RJ. É autor de diversos livros publicados: infantis ("Natal Tropical"), poesia ("Assalto a Mão Amada", "Quem muito olha a lua", "Papel picado", "Festa"), contos ("O Saxofonista") participação, revistas literárias e artigos científicos. Atualmente ocupa a direção da Faculdade de Comunicação e Artes da UFMT.
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