Segundo a CBRE, 90% dos prédios de escritórios tinham fluxo de pessoas acima de 50% da capacidade do local em 2023, enquanto em 2022 eram apenas 69% dos imóveis nessa situação. "Esse aumento recente na ocupação dos escritórios é bastante significativo e tende a continuar porque existe uma demanda reprimida por espaço", afirmou o vice-presidente da CBRE, Adriano Sartori.
Ele apontou que há casos de empresas optando por manter o home office porque não têm onde acomodar todos os funcionários que foram contratados mais recentemente. Na outra ponta estão as companhias que pretendem reduzir o home office porque sentiram perda de produtividade ou de engajamento com os funcionários remotos. "A grande maioria dos CEOs com quem conversamos diz que prefere o expediente presencial full", disse Sartori.
A opinião é compartilhada pelo sócio-diretor da consultoria Binswanger, Marcio Kawashima. "Ao longo do segundo semestre de 2023, a demanda por escritórios aumentou bastante porque os funcionários estão passando menos dias em casa. A frequência no trabalho presencial tem aumentado", disse.
Isso não quer dizer que o trabalho híbrido vai acabar, ponderou Kawashima, mas a previsão é que os dias de expediente em casa serão reduzidos. "São muitos os casos de empresas que avaliam ter perdido capacidade de interação com o home office e que isso tem representado menos produtividade e inovação", contou. "O modelo híbrido vai permanecer, mas em modelo reduzido, de um ou dois dias na semana", estimou.
Itaú Unibanco revê política de home office
O Itaú Unibanco - maior banco da América Latina - anunciou no segundo semestre de 2023 uma nova diretriz que estabelece um mínimo de dias presenciais para as suas equipes e que será implementada em duas fases: 4 dias por mês desde setembro e 8 dias por mês a partir de fevereiro.
"O objetivo é promover um ambiente de trabalho produtivo, flexível e acolhedor, aproveitando o melhor dos dois mundos: a praticidade, a autonomia e o foco do home office aliados às oportunidades de interação com o time no presencial", disse a diretora de Recursos Humanos do Itaú Unibanco, Tatyana Montenegro. "A mudança também fortalecerá nossa cultura, integração de novos colaboradores e colaboração entre os times e áreas parceiras", completou.
Dos 85 mil funcionários da instituição financeira, 42% atuam o tempo todo no presencial, com atendimento ao público ou funções que dependem de apoio físico dos escritórios ou agências. Os outros 58% estão no modelo híbrido, seja com uma escala pré-definida ou com a obrigação de comparecer um mínimo de dias aos escritórios.
Para abrigar todas as equipes, o banco inaugurou recentemente a sexta torre do Centro Empresarial, na zona Sul de São Paulo. O novo edifício foi batizado de Torre Jabaquara e tem 19 andares, sendo que 11 deles são para áreas de trabalho.
Reaquecimento em vigor
O mercado de escritórios já mostrou um aquecimento importante no terceiro trimestre, de acordo com as pesquisas mais recentes. O saldo entre áreas alugadas e devolvidas (a chamada absorção líquida, no jargão do mercado) foi de 51 mil m² no terceiro trimestre de 2023, , de acordo com pesquisa da consultoria imobiliária JLL.
O número equivale a sete campos de futebol e representa o maior nível de atividade desde a chegada da pandemia, no início de 2020. No acumulado do ano, a absorção líquida foi de 64 mil m². Isso mostra que o ano começou com poucos negócios, refletindo as preocupações de empresários com a troca de governo, mas passou por um reaquecimento nos meses mais recentes.
A tendência guarda suas particularidades. A maior ocupação dos escritórios está sendo observada principalmente por empresas do setor financeiro e de serviços. Já no segmento de tecnologia, o home office é mais popular.
Segundo a JLL, o setor financeiro respondeu por 42% da área alugada nos edifícios paulistanos no terceiro trimestre. Por exemplo: a HDI Seguros fechou contrato por uma área de 2,7 mil m² no prédio Ceab, na Barra Funda; e a XP Investimentos ficou com mais 2,3 mil m² no São Paulo Corporate Towers, onde já estava presente. A XP é uma das empresas que devolveu áreas locadas depois que a pandemia começou, mas voltou a requerer espaços nos últimos meses. Procura, a XP não concedeu entrevista.
(Com Agência Estado)
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