Em entrevista por telefone ao Estado enquanto se preparava para fazer uma conexão até Santiago, de onde embarcará em voo com destino ao Brasil, o dirigente disse não ver a seleção tão dependente da CBF hoje como o comandante acredita que ainda esteja. Embora exalte a importância que a seleção permanente teve neste período de preparação para a Copa América, com um grupo de 11 das 22 jogadoras convocadas para o torneio treinando na Granja Comary e sendo bancadas pela entidade desde janeiro, em Teresópolis (RJ), Marco Aurélio diverge da opinião do comandante ao analisar o cenário do futebol nacional.
"Discordo um pouco do Vadão neste aspecto. Os campeonatos estão muito bons, muito melhores do que eram antes, com os Brasileiros das Série A1 e A2 com 16 times em cada um. E agora teremos a legislação que obrigará os clubes a terem equipes femininas para poderem disputar a Copa Libertadores (a partir do próximo ano)", afirmou o coordenador da CBF, que depois enumerou alguns clubes que qualificou como boas opções para Vadão convocar jogadoras para a seleção.
"Eu vejo o Corinthians muito forte, vejo o Santos muito forte. O eixo do futebol feminino de São Paulo está muito forte. E vejo também que começa a ficar forte o futebol feminino na Bahia e também no Sul, agora com Grêmio e Inter. O patamar do futebol brasileiro subiu muito, o que falta é uma competição mais longa que dê mais tempo para as jogadoras. Nos Estados Unidos, o campeonato nacional tem sete meses. E quando termina o campeonato da liga americana as jogadoras já vão disputar outros torneios", completou o dirigente, para em seguida enfatizar: "Acho que os clubes estão hoje com capacidade de dar atletas melhores à seleção do que davam anteriormente".
SEM GRUPO FECHADO - Com a conquista do título da Copa América, a seleção brasileira assegurou classificação aos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020, e também ao Mundial de 2019, na França, mas Marco Aurélio fez questão de ressaltar que ainda é preciso seguir garimpando novos talentos para fortalecer a seleção, que na Copa América foi formada por uma mescla de jogadoras veteranas como Marta, Cristiane e Formiga e atletas jovens como Bia, Thaisinha, Andressinha e Debinha.
"A primeira coisa que precisávamos fazer era garantir o calendário do futebol feminino. Sem isso o planejamento perderia toda a sua força. Fizemos um trabalho prevendo as dificuldades e visando a Copa América. E se não tivesse o trabalho feito com a seleção permanente, elas não conseguiram recuperar a condição física que perderam por não estarem jogando. Essas meninas são o futuro da seleção feminina, mas muita coisa pode mudar até o Mundial e até a Olimpíada. Vamos observar os jogos no Brasil e no exterior, o movimento das jogadoras que estão surgindo e fazer um monitoramento. Não há uma 'confraria' aqui. Estaremos próximos delas, pretendemos acompanhar partidas das jogadoras brasileiras nos Estados Unidos, assistir os jogos in loco e ver como se comportam também taticamente", projetou o dirigente.
Marco Aurélio admitiu que este é um projeto dele e da própria CBF que precisa ter a aprovação financeira da chefia da entidade para que seja colocado em prática de forma eficiente, mas avisou: "Pretendemos acompanhar o Mundial Sub-20, que será na França, e o Mundial Sub-17, no Uruguai, para dar continuidade à renovação na seleção e ver as atletas com as quais poderemos contar".
O dirigente também confirmou que o Brasil deverá participar neste ano de mais uma edição do Torneio das Nações, competição amistosa nos Estados Unidos, entre o final de julho e o começo de agosto, e vai aproveitar as datas Fifa para agendar amistosos na continuidade desta temporada. "O torneio terá a participação do Brasil e das norte-americanas, com certeza, e pode ser que volte a contar com Japão e Austrália, que já disputaram a competição no ano passado", previu.
(Com Agência Estado)
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