Ao término de quase nove horas do primeiro dia de audiência do caso dos grampos telefônicos ilegais, o coronel da Polícia Militar e ex-comandante da instituição, Zaqueu Barbosa, que estava preso há 264 dias, deixará a carceragem do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças da PM (Cefap) e aguardará o processo em regime domiciliar.
Zaqueu também será monitorado por tornozeleira eletrônica. Ele recebeu votos favoráveis do Conselho Militar, que foi contrário ao apelo do Ministério Público. O promotor Allan Sidney do Ó, colocou a situação de ter outras testemunhas para serem ouvidas na ação e o fator das ameaças contra as testemunhas como motivos para a prisão se manter.
O juiz Murilo Mesquita também negou a soltura de Zaqueu, porém os militares não. A decisão pela prisão domiciliar não se estende ao cabo Gerson Correa, que é considerado o operador do sistema sentinela, montado para ouvir de forma irregular, mais de 300 números telefônicos. Em um dos votos, o conselho chegou a dizer que Gerson "ultrapassou ordens de coroneis, por isso não deveria ser solto".
Em seus votos, os coronéis enfatizaram que o benefício da prisão em casa a Zaqueu não se trata de “corporativismo”. Mas sim porque ficou explícito que, apesar de patente muito inferior, Gerson que tomava as principais decisões sobre o esquema. Decisões que foram, inclusive, maiores que a de Zaqueu Barbosa. "Acho que a participação dele é bem superior a do Zaqueu", disse um dos membros do conselho.
A audiência
O primeiro dia de audiência ouviu os principais nomes da Polícia Militar em envolvimento ao caso da grampolândia pantaneira. O primeiro a depor foi o denunciante, promotor de Justiça, Mauro Zaque. Ele enfatizou que só deixou o governo, porque se continuasse como secretário de Segurança Pública não teria como investigar os atos irregulares.
Um dos pontos novos na citação do promotor é que quando ele foi avisar o juiz da Comarca de Cáceres sobre o caso, o magistrado ficou pasmado e chegou a falar que foi enganado, pois assinou uma decisão sobre interceptação telefônica que seria para investigar traficantes e não amantes, policiais ou políticos.
264 dias preso
Coronel Zaqueu e cabo Gerson estão presos por 264 dias. Eles foram os primeiros a serem detidos por ordem da Justiça Militar. Na saída do Fórum, a expectativa dos jornalistas era por uma fala do ex-comandante da Polícia Militar, porém ele não quis falar e saiu em silêncio.
Zaqueu deve colocar tornozeleira ainda nesta sexta-feira e deixar o passaporte com a Justiça. Ele está proibido de deixar sua casa e só poderá se ausentar da residência quando for intimado a depor, em processos que é citado.
Já o cabo Gerson continuará detido na sede do Batalhão da Rotam, em Cuiabá. Ele também não falou com os jornalistas. A defesa dele também não emitiu nenhum tipo de opinião sobre a decisão do conselho.
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