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Terça-feira, 10 de Abril de 2018, 15h:57

"Se eu tomar tiro igual meu pai, vou pro céu também?", diz filho de empresário

LUIS VINICIUS

“Se eu tomar um tiro no peito, eu vou pro céu também?”, esse foi o questionamento de M.H.P.S, de 4 anos, que é filho do empresário Rafael Henrique Santi, de 32 anos, que foi assassinado em um baile funk, na noite de domingo (8), no bairro Jardim das Oliveiras, em Várzea Grande. A pergunta da criança foi feita à sua mãe, a secretaria Thalytta Prado, na manhã desta terça-feira (10), após o enterro do pai.

  

rafael santi

 

Em entrevista exclusiva ao HiperNotícias, Thalytta contou como tudo aconteceu, na noite de domingo (8), pouco tempo antes do homicídio.

 

Ela lembra que estava com o marido em um baile funk, localizado na Chácara das Poderosas, quando eles decidiram ir para casa. No entanto, quando o casal estava saindo do local, alguns carros fecharam Rafael. Ele teria começado a falar com os outros motoristas, quando um amigo do empresário teria feito um comentário que não o agradou.

 

“Eles não chegaram a brigar, eles discutiram. A gente estava indo embora e tinha uns carros fechando a saída. Ele foi falar com os motoristas para que eles pudessem sair. Ai ele ouviu um amigo dele comentando com outra pessoa assim: ‘deixa o Rafael lá, de castigo’. Ele ficou chateado porque o cara era amigo dele de infância. E ele não gostou porque o amigo dele estava rindo da cara dele. Logo depois, ele chegou no amigo dele e perguntou porque ele estava rindo e os dois começaram a discutir. Logo depois, nós e o amigo dele fomos embora”, explicou Thalytta à reportagem.

 

Mesmo parecendo ser um motivo banal, a esposa conta que Rafael teria ficado muito irritado com a brincadeira, pegou o revólver e foi até o local para "acabar com o evento." A mulher afirmou que a intenção dele era atirar para cima e não matar ninguém.

 

“A intenção dele era acabar com a festa e não matar ninguém. Eu ainda disse para que ele não fosse. Ai ele disse que iria lá só para acabar com a festa. Ai ele foi até o local e deixou o carro do lado de fora. Ao ver que o amigo dele não estava mais, disparou quatro vezes para cima. Ele não atirou na direção de ninguém. Ai logo depois, o segurança atirou nele. Não houve discussão, o segurança apenas atirou no meu marido. Foi um policial que atirou nele, espero que a Justiça seja feita o mais rápido possível”, contou.

 

A esposa do empresário afirma que Rafael não era bandido e que sempre trabalhou para o bem da família. Ela afirma que seu marido nunca se envolveu com crime.

 

Alan Cosme/HiperNoticias

DHPP

 

“O meu marido não era bandido. Ele era trabalhador, nunca se envolveu em crime nenhum. O Rafael era muito querido pelas pessoas. Algumas pessoas não gostavam dele porque ele era muito sincero, o que ele tinha que falar ele falava na cara, ele não escondia nada. Ele era bem amigo, ajudava sempre as pessoas. Ele tinha muitos amigos, muitas pessoas gostavam dele. A loja dele estava na melhor fase, cheio de serviço. Ele não andava armado. Estava tendo muito roubo nas empresas vizinhas do meu marido e por isso ele comprou essa arma, ele já estava até pensando em vender o revólver. Eu costumo dizer que ele estava na melhor fase da vida dele. Para ter ideia, o velório dele estava lotado, quase que não deu de tanta gente", relatou a mulher.

 

Thalytta disse que está passando pelos piores dias de sua vida. A mulher que têm um filho com o empresário, afirmou que a criança está muito triste e perguntou se ele morrer, vai pro céu encontrar o pai.

 

“Essas últimas horas têm sido as piores da minha vida. Eu não consigo ficar sozinha, pois quando eu lembro dele eu fico chorando muito. O meu filho está muito triste, ele é uma criança bem agitada e ele está muito triste. Hoje o meu filho perguntou, ‘mãe se eu levar um tiro no peito eu vou para o céu? Está sendo muito difícil porque eu e o meu marido éramos muito junto, um do outro. Meu filho pede pra ver o pai toda hora. Eu estou sofrendo muito. Essa pessoa que fez isso, estragou a minha vida”, completou à reportagem.

 

O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), sob os trabalhos do delegado Marcelo Jardim.

 

Inquérito militar

 

O comando da Polícia Militar instaurou um inquérito policial para apurar o envolvimento de um policial do Batalhão de Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) na morte do empresário.

 

Após a repercussão do caso, o comando da Polícia Militar tomou conhecimento e pediu para que o caso fosse investigado pela Corregedoria. A instituição lamentou o fato e afirmou que por não se tratar de um crime militar, será investigado se houve uma transgressão disciplinar à conduta militar.

 

“A Polícia Militar após tomar conhecimento de que haveria o envolvimento de um militar na morte do empresário, decidiu abrir um inquérito disciplinar policial para apurar o envolvimento do soldado. Por não se tratar de um crime militar, a instituição investigará se houve uma transgressão disciplinar em relação à conduta militar. As informações que recebemos até o momento é de que ele estava de folga no dia do crime”, diz trecho de nota.