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Sábado, 14 de Abril de 2018, 15h:41

Memes obrigam Tribunal Regional do Trabalho a pedir desculpas em MT

FELIPE LEONEL

O Tribunal Regional do Trabalho de Mato Grosso, TRT da 23ª Região, teve de pedir desculpas após receber críticas em sua página no Facebook a respeito de postagens orientativas sobre direito trabalhista. Internautas identificaram que algumas postagens reforçavam estereótipos referentes às minorias raciais e de gênero.

 

BBC Brasil

Memes

 

O assunto foi tema de reportagem da sucursal do jornal londrino BBC, no Brasil, nesta sexta-feira (13). Segundo a reportagem, várias postagens foram apagadas após a repercussão negativa. Um dos posts apontados pela matéria como “ameaça ao trabalhador” é do rapper Akon, apontando o dedo para a câmera.

 

A imagem vem acompanhada do seguinte texto: "Vai ajuizar uma ação trabalhista? Irmão, cuidado para não pedir o que não tem direito. Você pode acabar pagando os honorários do advogado da empresa." A imagem em questão teria sido excluída.  Além disso, o Tribunal estaria se posicionando sobre temas jurídicos polêmicos.

 

Para especialistas ouvidos pela reportagem da BBC Brasil, a linguagem utilizada pelo Tribunal Regional do Trabalho é “inadequada”, embora o tribunal teve boas intensões ao tentar simplificar o “juridiquês” por meio de memes, como aponta o doutor em Direito do Trabalho, Saul Duarte Tibaldi.

 

Para o jurista, o tribunal foi “imprudente” ao utilizar de imagens “excessivamente” descontraídas para expressar mensagens que, supostamente, veiculariam o posicionamento de um órgão do Judiciário sobre temas como questões de gênero e raciais. Ele acredita, entretanto, que a intenção do tribunal não foi de reforçar estereótipos.

 

“O tom jocoso pode abrir margem a interpretações de duplo sentido que não colaboram com a seriedade das decisões que o tribunal deve emanar todos os dias sobre as questões mencionadas nas imagens. Todavia, ao que parece isto foi percebido e assumido pelos responsáveis", disse Saul.

 

Outro lado

 

O TRT, por meio do seu Facebook, nessa quinta-feira (12), pediu desculpas e afirmou que medidas já foram tomadas para evitar a repetição de episódios dessa natureza. No post, o TRT recebeu apoio dos internautas, apoiando a “tradução do juridiquês” através de memes. A utilização da forma de linguagem foi suspensa.

 

Ainda segundo o Tribunal, estudos estão sendo feitos para subsidiar a decisão se deve ou não abolir os famigerados memes.  

 

"As postagens, sobretudo as que se utilizam de memes, não devem ser vistas isoladamente, mas em conjunto com os textos que as acompanham, os quais explicam o conteúdo abordado. A finalidade do meme é chamar atenção e fazer com que o texto seja lido, pois nele se encontra a mensagem principal que se deseja transmitir”, afirmou.