O ex-secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, delegado Rogers Jarbas, afirmou, em depoimento à delegada Ana Cristina Feldner, da Polícia Civil, que as informações repassadas pelo tenente-coronel José Henrique Costa Soares, da Polícia Militar, são uma “invenção”.
Alan Cosme/HiperNoticias
Ex-secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas
Jarbas, que está preso desde o dia 27 de setembro, por conta da Operação Esdras, jurou “por Deus” que jamais ofereceu qualquer vantagem a Soares ou participou de chantagem contra o tenente-coronel, ainda que indiretamente.
Conforme as investigações, Jarbas teria, por meio do major Michel Ferronato, cooptado Soares, inicialmente sob ameaça, para fazer parte de um suposto complô contra o desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça, que conduzia as investigações relativas aos grampos telefônicos.
Depois, segundo Soares, a participação no esquema veio com a proposta de uma promoção para coronel da PM.
Trechos do depoimento, colhido no último dia 4 de outubro, foram divulgados pelo site Ponto na Curva, nesta terça-feira (24).
“Não sei porque o Soares inventou isso de mim, não consigo entender, ele deve ter feito alguma coisa errada lá com o Lesco, não sei, mas comigo porque ele fez isso. Porque estou aqui Cris, não devo isso Cris, não devo isso”, disse para a delegada Ana Cristina Feldner, a quem chamou de Cris.
“Juro por Deus, eu nunca falei com Ferronato sobre as investigações, o Ferronato nem sabia aquilo que eu estava respondendo, nem sonhava, nem sei se o Ferronato conhece o Soares, eu não sabia, não existia isso, não consigo acreditar. Porque se o Ferronato tivesse falado com ele, porque ele não me falaria. Se ele tivesse falado, ele me falaria, mas não comentou nada, nunca falou nada, nunca citou Soraes para mim, nunca citou ninguém. Lá dentro da secretaria ninguém falava nesse assunto. O Ferronato nunca citou o nome ou que existe o Soares, nunca. Dentro da secretaria não era o Ferronato, ninguém falava comigo sobre qualquer tipo de investigação, não havia isso, não dava espaço”, afirmou.
A operação Esdras foi deflagrada no dia 27 de setembro e apura envolvimento de agentes públicos, de secretários de Estado e policiais militares, no caso dos grampos telefônicos ilegais.
Segundo o desembargador Orlando Perri, Rogers Elizandro Jarbas estava interferindo direta e incisivamente nas investigações de interceptações telefônicas ilegais para beneficiar seus aliados.
Além do “vazamento” de informações sigilosas sobre o processo dos grampos clandestinos em Mato Grosso, segundo Perri, o ex-secretário estaria “constrangendo autoridades policiais e oficiais militares, intimidando pessoas ligadas à apuração destes fatos”.
O tenente-coronel José Henrique Costa Soares, por sua vez, foi testemunha-chave na Operação. Ele afirma que teve a vida do seu filho ameaçada pelo ex-chefe da Casa Militar, coronel Evandro Lesco.
“Este pessoal é perigoso, este pessoal é muito perigoso”, disse Soraes, em depoimento à delegada Ana Cristina Feldner. A ameaça, segundo Soares, teria sido feita no dia 17 de setembro, um domingo.
Na data, ele almoçou na casa de Lesco e gravou o anfitrião, com o objetivo de levar provas da tentativa de obstruir os processos das interceptações, que tramitam no Tribuna de Justiça.
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