Vereador quer que MPF investigue prefeito por suposta obstrução de Justiça

O vereador Diego Guimarães (PP) apresentou um requerimento solicitando o encaminhamento do depoimento do delator Sílvio César Correia à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Paletó, para o Ministério Público Federal (MPF). De acordo com o vereador, que também é advogado, o depoimento de Sílvio reforçou a tese de obstrução de justiça por parte do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB).

Alan Cosme/ Hipernotícias

 

De acordo com o depoimento de Corrêa, na manhã desta sexta-feira (16), o áudio encontrado pela Polícia Federal na residência do prefeito, durante a operação Malebolge, no dia 14 de setembro de 2017, conturbou o processo investigativo. O arquivo foi divulgado à imprensa com deturpações no conteúdo, que colocariam em xeque a delação premiada de Sílvio, do ex-governador Silval Barbosa, e de familiares do ex-chefe do Poder Executivo estadual.

"Ele tem a obrigação de falar a verdade, então dá para fazer a comparação com o que ele falou na delação e aqui. Ele deixou claro que aquele áudio gravado pelo Alan Zanatta prejudicou as investigações. Prejudicou e tumultuou. Então, houve um prejuízo na delação. Na minha visão, está a cada vez mais, configurando obstrução de Justiça por parte do prefeito e Zanatta", afirmou Diego ao HiperNotícias.

Silvio foi o primeiro depoente da CPI do Paletó, instalada na Câmara de Cuiabá em novembro de 2017. Ele era o responsável por fazer a distribuição da propina aos deputados estaduais. De acordo com Silvio, o ex-governador tinha um acordo com deputados para eles apoiarem os projetos de leis na Assembleia Legislativa. Para isso, cada deputado receberia R$ 600 mil, divididos em 12 parcelas. O delator confirmou que a verba repassada a Emanuel era propina e não pagamento de pesquisa.

O servidor da Assembleia, Valdecir Cardoso de Almeida, deveria ter sido ou primeiro a depor. Entretanto, ele não compareceu na Câmara e pode ser buscado pela Policia Civil para depor. Segundo o presidente da Comissão, vereador Marcelo Bussiki (PSB), o advogado de Valdecir apresentou documentos justificando a ausência. Porém, a possibilidade de condução coercitiva não é descartada. Valdecir é responsável por ter instalado as câmeras que filmaram o prefeito enchendo os bolsos.

A CPI

A Comissão investiga o vídeo do prefeito Emanuel Pinheiro recebendo maços de dinheiro quando era deputado estadual. Os vídeos foram anexados na delação do ex-governador junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) e homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.

Além disso, o áudio encontrado pela Polícia Federal na residência do prefeito, durante a operação Malebolge, é objeto da investigação. O áudio foi gravado por Zanatta, com o delator Silvio Cezar Correa. O arquivo foi divulgado com distorções no conteúdo. O objetivo seria desclassificar a delação. Para alguns parlamentares, o fato pode configurar obstrução da Justiça.  

A CPI foi instalada no meio do mês de novembro é formada pelo presidente, vereador Marcelo Bussiki (PSB); um membro, vereador Mário Nadaf (PV) e pelo relator, vereador Adevair Cabral. A Comissão tem prazo de 120 dias, que começou a contar a partir da primeira sessão deste ano, para concluir as investigações. 

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