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Artigos Sábado, 20 de Julho de 2019, 15:47 - A | A

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Sábado, 20 de Julho de 2019, 15h:47 - A | A

PAULO WAGNER

O céu que invade o coração

PAULO WAGNER*

Jose Mota / HNT

Paulo Wagner


Quando o céu invade meu coração tudo vira gratidão. Gratidão pela manhã azul, pelo ar que vivifica o corpo, pelos meus passos sobre o chão da vida. O céu que invade meu coração não é um céu dado como recompensa àqueles que nunca pecaram, é um céu humano feito de erros, acertos, dúvidas e certezas. É um céu que insiste em ser azul apesar das nuvens cinzentas, como segurar na mão o mapa do caminho em meio a tempestade quase infindável da noite, sentindo na boca o gosto do sol que ainda está por nascer.

O céu que invade meu coração cobre toda a natureza com seu manto, iluminando as plantas, os peixes que em cardumes cortam as águas dos rios, acorda os pássaros depois da chuva e diz com a voz do vento que o encanto não morreu. Que a primavera está apenas adormecida e não tarda a chegar para espantar o medo e a escuridão dos corações e mentes que perderam a esperança.

Quando o céu invade meu coração descubro o êxtase de simplesmente estar vivo, e a eternidade de cada segundo em que me percebo em mim e em tudo quanto há. Sou todos e nem um, sou o discurso sem palavras ou intenções, o abraço eterno entre a origem e o fim. Sou a verdade que de tão incerta vive procurando razão no que sempre será vivo enigma.

E lá no alto do céu que invade meu coração vejo os extremos do mundo, continentes afundando e emergindo na imensidão das águas, na eternidade e impermanência do tempo. Vejo mercadores e santos pisando o mesmo chão, foguetes destrutivos e palomas brancas cruzando o mesmo ar. Fome e fartura, ilusão e realidade, inquietude e mansidão. E na profusão dos extremos percebo o equilíbrio e o repouso que sempre estiveram no meio do caminho e passaram despercebidos em meio a correria do dia a dia.

E assim descubro que não há nada de novo sob o céu. Tudo o que é já foi um dia. O dia nasce e se põe. Sol, Lua e Estrelas se alternam. O vento cruza o planeta e chega ao mesmo lugar. Vaidades das vaidades se desfazem na cachoeira das eras, deixando apenas a certeza de que tudo passa. As obras, as intenções, dores, prazeres, desertos e videiras. Tudo que se faz debaixo do sol é vaidade das vaidades, já dizia o Eclesiastes. De tudo fica apenas o bem que se faz e o amor que soubemos plantar no coração das pessoas, como um céu azul invadindo o coração da manhã.

(*) PAULO WAGNER é Escritor, Jornalista e Mestre em Estudos de Linguagem pela UFMT e escreve aos sábados para HiperNotíciasE-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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