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Artigos Sexta-feira, 26 de Junho de 2015, 10:38 - A | A

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Sexta-feira, 26 de Junho de 2015, 10h:38 - A | A

Eu e meu cão

Recebi o presente e dois dias depois estava eu cuidando daquela criaturinha desamparada

PEDRO FELIX

Arquivo pessoal

Pedro Felix

 

Na noite de natal do ano passado, tive uma agradável surpresa ao ser presenteado com um cãozinho de 15 cm de comprimento.  Fiquei atônito sem saber o que fazer, pois sempre fui contra criar animais em apartamento e principalmente, deixá-los sozinhos por muito tempo trancados e sem comunicação.

 

 

Recebi o presente e dois dias depois estava eu cuidando daquela criaturinha desamparada, que olhava para mim com um olhar triste e desolada por ter sido tirada de sua progenitora e vendida como um objeto qualquer.

 

O tempo, verdadeiro senhor das coisas, foi traçando uma relação de interdependência que me fez repensar meus hábitos e minha própria vida. Tomei por decisão que aquele ser pequenino, não seria maltratado ou molestado sob qualquer aspecto. Seria ele mais um membro da minha família.

 

Vivia eu, antes diante de uma tv, deitado em uma rede confortável e cada dia mais obeso.

 

 

Após o trabalho a vida se resumia nos múltiplos ‘’clics’’ do controle remoto com filmes diversos e um noticiário cada vez mais sangrento, acompanhado da ‘’amiga’’ geladeira.

 

 

A busca de informação sobre aquela raça foi frenética, a ida ao veterinário uma constante com vacinas e busca de mais informações sobre o pet.

 

Após quatro meses mostrei o mundo ao Felix. Sim esse é o nome dele, pois é tratado como filho. Na primeira semana tudo era novo, desconfiado ele com seu faro, instrumento balizador da realidade, cheirava tudo e a todos, querendo entender o que lhe rodeava.

 

 

Criamos uma rotina e nas manhãs e noites, saímos quarteirão acima, ou abaixo para o nosso passeio diuturno. Sua memória é infalível e às 6 horas da manhã, já está pronto para o passeio e preparado para realizar suas necessidades fisiológicas, que se repete ao anoitecer.

 

O ato parece uma ação mecânica e obrigatória de um dono que resolveu por circunstância alheia, criar um cão. No entanto, alguma reflexão faz-se necessário na construção de uma nova visão sobre a vida e a morte.

 

A alegria é algo que sempre é buscada para dar satisfação à vida. A tristeza por outro lado é o que todos fugimos. Com o tempo as desilusões que criamos diminuem drasticamente a primeira, a segunda, passa a ser uma constante em nossa vida. Como disse o poeta e compositor Vinicius de Moraes: “tristeza não tem fim, felicidade sim”.

 

 

A morte recente da Procuradora estadual em Cuiabá, me parece ser um exemplo da melancolia que se agravou e trouxe a morte, com a chamada doença da alma.

 

Ao que me parece, a vida vai sendo destituída com o tempo de valores que antes eram importantes e, o calendário vai decepando-os sem colocar nada em troca.

 

 

O vazio de significados com o passar do tempo trazem lacunas insuperáveis para muitos, que não suportando, tiram suas próprias vidas. Alguns buscam a saída na religião, outros em psicólogos e psiquiatras.

 

 

Os remédios apresentados travam seu livre pensar, seja qual for a saída você vive igual a um zumbi. Mas a resposta está dentro de você, não se trata de ser forte ou fraco, trata-se de enxergar uma sociedade alheia a você e a seus valores e que não querendo mais viver, parte-se para outro lugar, a cova ou a cremação.

 

Na opção da continuidade da vida, o olhar, o pensamento deve se voltar à redefinição de significados de novas ações.

 

Meus totens foram paulatinamente destruídos com o passar dos tempos, e minha teimosia por viver, trouxe uma visita inesperada na noite de natal e eu e o Felix estamos bem, pois dividimos uma parceria de fidelidade e companheirismo. E você já achou alguma saída para continuar vivendo?

 

 

*PEDRO FÉLIX, Historiador escreve em Cuiabá.   

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Angelo 26/06/2015

Boa reflexão !!!

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Ítalo Castro de Souza 26/06/2015

Parabéns Pedro Félix pelo texto bacana! Viver é um processo, um busca contínua. É sentir satisfação em existir. Por outro lado, existir ( isoladamente ) é sinônimo de "não-viver". Que sigamos todos alimentando os pequenos prazeres da vida, deixando que eles nos dê a sustentação necessária para seguir a luta, viver intensamente e não, simplesmente, ficar fadado à existência.

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2 comentários

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