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Artigos Sexta-feira, 03 de Julho de 2015, 08:30 - A | A

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Sexta-feira, 03 de Julho de 2015, 08h:30 - A | A

Quantas saudades do meu velho

Como eu gostaria que meus netos, seus bisnetos o conhecessem. Como gostaria que eles ouvissem os relatos que você me fazia da sua vida particular

EDUARDO PÓVOAS

 

Mayke Toscano

Eduardo Póvoas/artigo

 

Quatro de julho de 2015 se vivo, você estaria fazendo 94 anos e nosso almoço seria sem nenhuma dúvida, animadíssimo na sua casa, regado pelo Guaraná Predileto, vinho doce (que você gostava muito) e com a deliciosa lasanha da nossa querida Brasilina. Aliás, como nunca foi amigo do álcool, seu vinho diferentemente daqueles que o amam, estava mais pra suco de uva do que para bebida alcoólica.

 

Desde aquela manhã de 29 de janeiro de 2003 até os dias de hoje, passaram-se 12 anos e seis meses e meu coração ainda rateia quando entra pelos meus ouvidos aquela sua voz compassada, dócil e reconciliadora forçando-me a “colocar” na minha frente o seu semblante que em nenhum momento se afasta do meu coração.

Não tenho mais ao meu lado o ouvidor paciente, o sábio nos concelhos, o homem que detestava ouvir ou falar qualquer coisa que machucassem as pessoas, o homem simples que sabia como poucos tratar as letras, o filho exemplar, o soldado que sempre admirou o Exercito Brasileiro, o pai com predicados que nos passou e que conservamos como uma joia, o homem solidário que dava importância ímpar a se conservar e respeitar os amigos.

 

E a saudade, irresponsável, incontrolável e inconsequente, brinca com meu coração quando sozinho estou, como se fosse uma marionete. Peço a ela, até por conselhos de amigos que trabalham no plano espiritual, que me poupe dessa minha vontade insistente de te ouvir ou te ver como talvez, uma forma de ameniza-la.

 

Tento em vão, pois nos meus momentos de angustia, só o timbre da sua voz que parece que ouço, me acalma e me conforta.

 

Como eu gostaria que meus netos, seus bisnetos o conhecessem. Como gostaria que eles ouvissem os relatos que você me fazia da sua vida particular, de fatos históricos da nossa terra e de nossa gente, e dos poucos anos de sua militância politica, para terem a certeza de que tiveram um “super” bisavô.

 

Isso tudo tentei eu e meus irmãos, deixar  registrado, pois sabíamos que você poderia dar  uma grande contribuição para o futuro dos nossos jovens. Infelizmente não conseguimos, porem registros mostram gravações e documentários bancados pelo poder público sem nenhuma importância a nossa gente.

 

Suas trinta e nove obras publicadas nunca receberam um centavo sequer de dinheiro público, mas, sabemos de verdadeiros absurdos que só circularam com essa ajuda.

 

Não sei velho pai se o mundo de hoje “pesa” alguém através de sua honradez e de seu passado limpo como nos ensinou a sempre ter. Parece-me que se confunde muito nestes dias modernos o aculturado com o endinheirado. Seguindo esses ensinamentos, continuamos eu e meus irmãos, como você, a viver de diplomas e medalhas que não são aceitos no abatimento de contas de luz, água ou telefone.

 

Nossa coleção de diplomas e medalhas aumentam inversamente proporcional a algumas contas bancárias, porem sustentamos com muito orgulho o que nos ensinou!

 

Ah se pudesse ter ao menos um segundo com você!

 

*EDUARDO PÓVOAS é odontólogo pós graduado pela UFRJ.

 

 

 

 

 

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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