"Nossa relação é séria, só não é monogâmica": as peculiaridades do relacionamento aberto

Eles são jovens, recém-casados e optaram por construir uma história diferente da grande maioria dos casais brasileiros. João Gama, 23 anos, e Marcos Daniel, da mesma idade, mantêm um relacionamento aberto. O estilo de vida contesta os padrões da sociedade e eles afirmam: “nossa relação é séria, só não é monogâmica”.

Aquivo Pessoal

 

Quando ainda solteiros, eram entusiastas do relacionamento aberto e, com o início do namoro, adotaram de forma espontânea. “A gente sabe que a gente se ama, mas também sabemos que temos desejos por outras pessoas, como muitos casais têm. Nós apenas admitimos isso e aprendemos a lidar”, explica Gama.

O casal avalia que o relacionamento hoje não sofre com um dos problemas que mais atinge os casais tradicionais, de relação fechada, sejam héteros ou homoafetivos: o ciúme. Formado em Psicologia, João explica que, com a abertura para experiências com outras pessoas, o sentimento não afeta mais a vida do casal.

“A gente construiu uma relação de confiança e diálogo ao longo do tempo. É claro que no início a gente sentiu algum desconforto, mas nós entendemos que o outro não é um objeto, não é posse. Então hoje praticamente não temos ciúmes. Esse sentimento se dissolveu”, garante Gama.

“Já tive experiências em relacionamentos fechados e sempre havia muito ciúme, muitas restrições. Muitos casais, muitos homens e mulheres sentem atração por outras pessoas que não são o namorado ou a namorada, mas não podem admitir isso, não podem falar sobre isso com o parceiro ou parceira. Eu acho que é daí que nasce a traição, esse silêncio é prejudicial”, avalia Marcos.

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Apesar de o relacionamento ser aberto, existem regras entre eles para o estilo de vida dar certo. Como as relações extraconjugais são consentidas, eles afirmam que não há infidelidade, mas lembram que é preciso manter a lealdade e a sinceridade.

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“Não é tudo liberado, existem regras e elas são construídas de acordo com as situações que nós vamos vivendo. A base de tudo é o diálogo, a confiança e a disposição para manter a relação aberta. A gente procura ser transparente um com o outro, ser leal”, diz João.

“É tudo conversado entre a gente. Nem eu nem ele iremos nos relacionar com outra pessoa se um de nós se sentir incomodado. Além disso, a gente procura ser muito claro com a terceira pessoa. Separamos sentimento de desejo”, completa Marcos. 

Outra preocupação dos dois é a segurança física e a saúde. Sexo? Só se for seguro, com camisinha.

Para a psicóloga e terapeuta de casais Fernanda Borges Araújo, esse tipo de relacionamento exige extrema maturidade do casal e disciplina com as regras estabelecidas.

“Não são todos que estão dispostos a ver o marido ou a esposa, namorado ou namorada, com outra pessoa, ou mesmo saber que eles estiveram com outra pessoa. É preciso ter maturidade e tomar todo o cuidado para não quebrar aquilo que foi combinado entre ambos. Não pode se tornar uma competição ou uma confusão de sentimentos”, diz a terapeuta.

Enfim, quem se importa com os padrões ou regras? O importante é que, independente da forma escolhida para amar, todos sejam felizes juntos.

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