"Precisamos de uma solução que reduza os juros do rotativo, mas que afete o menos possível o consumo brasileiro. É isso que está sendo estudado, não posso adiantar porque não depende só do BC. Mas temos tentado fazer uma transição para melhorar o produto cartão de crédito", disse em entrevista gravada ao Amarelas on Air, da Revista Veja.
Campos Neto citou que a inadimplência no rotativo é de quase 50%, enquanto no mundo há dificuldade de achar países em que os atrasos acima de 90 dias ultrapassam 25%. Já a fatia de parcelado sem juros é grande e cresceu, com parcelamento muito longo em produtos da linha branca, por exemplo. "A massa de crédito alocada em cartão de crédito hoje é de 20%, sendo que 15% é parcelado sem juros e 5% com juros, é três vezes maior."
O presidente do BC repetiu que outro ponto de desequilíbrio é que cresceu muito o crédito via cartão, especialmente devido aos entrantes na modalidade e aos varejistas, que queriam fidelizar os clientes. Esses players têm inadimplência e juros mais altos, que chegam a 75% e a 700%, respectivamente. Até junho, o rotativo cobrava em média 437% de juros ao ano.
Campos Neto também voltou a dizer que a baixa recuperação de crédito afeta o juros no Brasil. Segundo ele, a recuperação de crédito no País só não é pior que países como Burundi, Zimbábue e Haiti. Além desse ponto, o presidente do BC afirmou que o Marco Legal de Garantias ajudaria a baixar os juros.
Na quinta-feira, 24, o deputado Alencar Santana (PT-SP) apresentou seu relatório do projeto de lei sobre o Desenrola Brasil, que também discute os juros do rotativo e do parcelado com juros do cartão.
Alencar deu 90 dias a partir da aprovação da lei para que as instituições financeiras apresentem uma proposta para baixar os juros em autorregulação. Se não houver consenso, a proposta é de delimitar os juros ao valor do principal da dívida.
(Com Agência Estado)
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