Garantias alternativas, segmentação dos produtos financeiros e processos diferenciados para a análise de risco são soluções apontadas pelo consultor Carlos Alberto dos Santos para se ampliar o microcrédito (até R$20 mil) no estado de Mato Grosso. As alternativas foram apresentadas durante o Encontro Mato-grossense de Microfinanças, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso (Sebrae-MT).
O evento reuniu 93 pessoas que atuam na direção das cooperativas de crédito do estado e tem o objetivo de estimular a ampliação das carteiras de microcréditos destinadas aos Microempreendedores Individuais (MEI), microempresários e pequenos empresários.
Santos explicou que os empresários desses segmentos têm dificuldade na hora de fazer os controles contábeis, o que se torna um obstáculo no momento de levar aos agentes financeiros a documentação para se adquirir um financiamento.
O consultor avaliar que no caso dos pequenos negócios, não se pode separar a pessoa física da jurídica na analise de risco. Outro ponto importante, segundo ele, é não confundir o grau de escolaridade com certeza de recebimento. "Se fosse assim, os PHDs não teriam dificuldade em conseguir crédito e seriam os melhores pagadores”.
UM MÉTODO APROVADO – Uma das opções para se ampliar o acesso ao microcrédito vem da Viacredi, uma cooperativa de Santa Catarina, que é a maior do Brasil em número de cooperados, mais de 200 mil.
Lá, eles usam o microcrédito orientado, no qual um consultor de negócios acompanha o empresário desde a elaboração da proposta até a aplicação do recurso.
O coordenador de Negócios de Pessoas Jurídicas da Viacredi, Jones Roland Geske, explica que a oferta de microcrédito está presente desde a ata de constituição da cooperativa, que tinha como proposta, na década de 50, financiar a casa própria, oferecer caderneta de poupança sem burocracia, financiar compra de gado, máquina de costura e bicicleta.
Geske conta que a cooperativa foi fundada dentro de uma grande indústria têxtil, onde os empregados atuavam em turnos e nos contra turnos, se dedicavam a outras atividades para incrementar a renda doméstica. Geralmente, o dinheiro extra era proveniente da costura e do gado de leite.
Hoje, a cooperativa se expandiu e está em grande parte dos bairros e localidades mais populosas de Santa Catarina. "Chegamos após a solicitação da própria comunidade e com o tempo, os dados mostraram o crescimento no volume de negócios desses postos de atendimento. Então, conseguimos comprovar que é viável”, relata.
Entre os anos de 2007 e 2014, a Viacredi firmou 108.037 contratos de financiamento foram firmados e o valor médio de cada transação é R$ 4 mil.
Geske afirma que oferecer microcrédito orientado é sinal de lucro para as cooperativas e não prejuízo. Geralmente, as taxas de juros são mais caras e mesmo assim, o cliente consegue pagar porque tem a ajuda do consultor no planejamento das ações.
A porcentagem está ligada aos custos da transação, pois facilitar não significa deixar de fazer a analise de risco ou não ter critério.
A possibilidade de renovação para mais investimentos também é um atrativo para que não aconteça a inadimplência.
O analista do setor de Atendimento do Sebrae-MT, Fábio Apolinário, explica que o acompanhamento dos empresários faz com que eles tenham suporte na hora de aplicar o recurso e não saiam do foco.
Como o consultor é capacitado e tem condições de orientar o cliente para que as prestações não atrasem, encaminhando para a renovação quando possível.
O objetivo final é sempre aumentar o número de empregos e a renda da comunidade. Como consequência, o faturamento das cooperativas é ampliado e há a inclusão de novos cooperados.
O EVENTO – O Encontro Mato-grossense de Microfinanças é promovido pelo Sebrae-MT em parceria com o Sicredi e o Sicoob. As palestras e debates estão sendo realizados hoje no Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), que fica na rua 5, nº144, no Centro Político Administrativo (CPA), em frente ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
O encontro, que será encerrado às 18h, é uma das ações do Projeto de Desenvolvimento das Cooperativas de Crédito, coordenado pelo Sebrae e que busca fortalecer as cooperativas e oferecer produtos e serviços diferenciados aos MEIs, microempresários e empresários de pequeno porte.
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