O primeiro impulso aos juros veio do aumento da previsão de inflação para 2025 no Boletim Focus - a estimativa passou de 3,60% para 3,64%. Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, ressalta que a mudança tem peso porque afeta o horizonte relevante do Copom.
"Parece que essa alta no Focus coloca o Banco Central mais propenso para cortar os juros em 0,25 ponto porcentual, e não em 0,50 ponto. Mercado está precificando 0,29 ponto, então há uma aposta majoritária de corte de 0,25, mas tem ali também muitos analistas que acham que o BC pode voltar a cortar 0,50", afirmou.
O avanço das taxas ganhou força no decorrer da sessão, conforme economistas e instituições financeiras atualizavam as estimativas para a inflação. Várias casas aumentaram entre 0,1 e 0,2 ponto porcentual as projeções para a alta do IPCA em 2024, citando os potenciais impactos das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a produção e os preços de alguns alimentos - arroz, em particular.
A incerteza em relação ao tamanho e ao formato da ajuda financeira que o governo entregará ao Rio Grande do Sul também deixou os investidores apreensivos. "A gente tem um problema fiscal muito grande aqui e os investidores acabam especulando o quanto de dinheiro o governo vai precisar investir. É lógico que isso precisa ser resolvido o mais rápido possível, mas isso tudo acaba refletindo um pouco na nossa curva de juros", afirmou Pedro Marinho Coutinho, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.
Gustavo Faria, gestor de recursos do Grupo Fractal, também acredita que o impacto no cenário fiscal dependerá essencialmente da magnitude dos gastos do governo, e não do formato usado para a distribuição dos recursos. "Ainda não é possível estimar o quanto vai custar para os cofres públicos. É um evento que ainda está acontecendo", acrescentou.
A taxa do contrato de DI para janeiro de 2025 subiu a 10,230%, de 10,146% no ajuste de sexta-feira. A taxa para janeiro de 2026 avançou a 10,450%, de 10,320% no ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 teve alta a 10,765%, de 10,624%. A taxa para janeiro de 2029 subiu a 11,270%, de 11,140%.
(Com Agência Estado)
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